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segunda-feira, 14 de março de 2011

Bombril arruma a casa para encarar a Reckitt

Françoise Terzian (fterzian@brasileconomico.com.br)
14/03/11 13:54

Para enfrentar concorrência acirrada, companhia amplia linhas de produto e deve ter 600 itens nas prateleiras no próximo ano.

Sem papas na língua, com uma visão bastante crítica da concorrência e o audacioso projeto de posicionar a Bombril como a maior fabricante de produtos de limpeza do país, Ronaldo Sampaio Ferreira, 64 anos, é filho do fundador da Bombril. É presidente do conselho de administração da empresa e acionista majoritário (com 52%) do negócio que faturou R$ 1,2 bilhão no ano passado e carrega uma dívida atual de R$ 300 milhões com o governo federal, herança da época em que o italiano Sergio Cragnotti, da Cirio, adquiriu e administrou a companhia.

Agora, com um fardo milionário nas costas que pretende abater até 2015, a Bombril prepara-se, definitivamente, para deixar para trás a imagem de fabricante de esponjas de aço, produto que introduziu no Brasil em 1948 e que hoje responde por 40% de suas vendas, e engordar as prateleiras dos supermercados com um total de 540 produtos até dezembro e 600 em 2012.

Hoje, seu portfólio é composto por 405 itens como o sabão em pó Tanto, o amaciante de roupas Mon Bijou, o detergente líquido Limpol, a água sanitária Lavandina e o desinfetante Pinho Bril.
A partir das próximas semanas, a empresa que tem como sócios o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) fará sua estreia em novas categorias de produtos como a de sabão líquido, amaciante concentrado, cera para móveis e assoalho, graxa de sapatos, limpador de piso, removedor, álcool e, quem sabe, até mesmo em vassouras.

Esta entrada em novas categorias de produtos significa que a Bombril deve intensificar a briga que travou com outras grandes concorrentes como a Reckitt Benckiser (dona das marcas Veja, SBP, Poliflor e Vanish) e Unilever (detentora de Omo e Comfort).

Definitivamente, a disputa pelo mercado que movimentou R$ 13,5 bilhões no ano passado, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), será ainda mais árdua. Conta a favor da Bombril a estratégia de entrada ou fortalecimento de sua presença em várias categorias que, de acordo com a Nielsen, apresentaram os maiores faturamentos em 2009: caso do multiúso, que cresceu 17,3%, e do álcool, que avançou 15,3%.
"Multiúso está crescendo exponencialmente nos últimos cinco anos", diz Maria Eugenia Saldanha, presidente-executiva da Abipla. A Reckitt, dona do Veja, garante que mesmo diante do avanço da concorrência, tem aumentado sua participação no mercado que movimentou quase R$ 600 milhões em 2009, números mais recentes.

Ferreira também garante que a empresa tem avançado com seu limpador multiúso Pratice, que chegou à versão 5 em 1. Maria Eugenia afirma que todos conseguem crescer porque o brasileiro ainda consome pouco produto de limpeza, cenário que está mudando com o aumento da renda.
Ferreira acredita que a força do nome Bombril o ajudará, motivo que está levando a empresa a iniciar hoje uma campanha publicitária nacional de R$ 40 milhões, na qual trabalhará o nome corporativo.

Basta saber se isso será suficiente para ganhar espaço nas gôndolas dos supermercados e nos carrinhos, uma vez que muitas das categorias almejadas pela Bombril são lideradas por grupos internacionais.

"Nenhuma dessas multinacionais me assusta. Estou entrando no mercado de todas elas e indo bem. Tenho mais medo das nacionais, que são mais dinâmicas e ágeis", afirma Ferreira.

Fonte: Brasil Econômico

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